terça-feira, 7 de abril de 2009

The Angel In Me - Parte 3


Passar por aquelas ruas, cercadas de muros pichados, a faziam querer chorar. Estava em um lugar pobre de São Paulo e aquilo não fazia ela lembrar das férias em Nova Iorque ou dos dois anos que passou vivendo na França. No Rio de Janeiro ela sempre morou em bons lugares, e ali era tão diferente da realidade que ela sempre reclamou...
- Qual seu nome?- ela perguntou no caminho, ele riu.
- Nossa, conversamos um tempão e nem sabemos o nome um do outro. O meu é Ian Lucas Valentin, pode chamar só de Ian.-
- Eu sou Clarisse Valdemort.-
Ele a levou até um prédio de mais ou menos três andares, era todo nos tijolos e a porta da frente não mais tinha cor definida.
- Seja bem vinda a minha mansão Clarisse. – ele disse, irônico. Ela sorriu. Logo ao entrar no prédio uma mulher baixa, morena, e com os cabelos mal presos o chamou:
- Ian Lucas!-
- Boa tarde dona Adelaide.- ele disse.
- O aluguel está atrasado.- ela informou.
- Minha irmã ainda não recebeu, e o Chicão ta sem trabalhar. A gente vai pagar.-
- Ta bem, espero mais um pouco... – disse ela com o olhar reprovador, ele lascou um beijo no rosto da senhora e brincou:
- Você é a coisinha mais fofa, que Ele coloco na Terra.- apontou para o céu e saiu correndo, segurando a mão de Clarisse e rindo, dona Adelaide também sorriu. Subiram as escadas e Ian a levou até o que ele, a irmã e o amigo Chico chamavam de “casa confortável”, era um lugar apertado, mal iluminado e com a tinta da parede descascando. Tinha duas portas lá dentro, uma para o banheiro e outra para o quarto (com uma cama a ser desputada a cada noite), mais a frente tinha a cozinha, fogão, geladeira velhinha e uns armários, uma mesinha de plástico entre a sala e a cozinha,na sala tinha um sofá, uma estante com dois porta retratos e uma televisão, no sofá tinha um menino deitado.

segunda-feira, 16 de março de 2009

(Leiam a parte 1 antes.)
- Garota, garota... – a chamavam. Assutada deu um pulo e se sentou, as costas doíam e o cabelo estava bagunçado.
- Você dormiu aqui?- perguntou o garoto que tinha a acordado, e ela olhou dentro dos olhos azuis dele, escondidos por trás de óculos de grau, e tudo que conseguiu responder foi:
- Tô com fome.- Ele a pegou pela mão, e ajudou ela a se levantar.
- Vem comigo.- ele chamou e a levou até uma lanchonete em frente a praça. Pediram um sanduíche,e ela reparou que o relógio marcava duas horas da tarde.
- É normal você ficar perambulando pela praça a essa hora?- perguntou ela.
- Sou músico, busco inspiração para minhas canções. E você? É normal ficar dormindo no banco da praça?- ela mordeu o sanduíche, tomou um pouco do suco de acerola e respondeu:
- Fugi de casa. -
- Acho que encontrei inspiração... - disse ele sorrindo, e os dois riram da situação. Ela lhe contou sobre os seus problemas, e achou estranho que mal o conhecia e já confiava tanto nele, ele pagou a conta e disse:
- Vem comigo, você fica na minha casa. Faço questão.-
- Sua casa? – perguntou Clarisse.
- Moro com minha irmã e um amigo... -
- Mas, e os seus pais?-
- Prefiro não falar sobre eles. -
Ela pegou sua mochila e jogou sobre as costas e foi com aquele menino, que nem o nome ela sabia ainda, até a casa dele.
Por: Marcella Leal e Mariana Rodrigues

sábado, 28 de fevereiro de 2009

The Angel In Me - Parte 1


Saiu sem dar explicações. Correu mais do que imaginou que fosse possivel, suas chinelas havaianas batendo no calçadão rumo a um cenário perfeito. Esbarrou sem querer em uns turistas na frente da padaria 24 horas, deviam estar voltando para casa... Chegou na praia, sentou na areia em frente por mar e começou a observar, tudo aquilo em volta dela e ela, insatisfeita com o que a cercava. Eram quatro horas da manha do dia errado e Clarisse Valdemort começou a pensar.
Lembrava do avô e as cobranças constantes, que exigiam dela um comportamento exemplar por ser uma Valdemort. Lembrou do pai transtornado, sempre nervoso, que gritava e puxava os próprios cabelos, que não queria ela por perto na maioria das vezes. Lembrou das meninas na escola que riam dela porque ela não tinha mais a mãe para lhe ajudar, para dar um conselho sobre a vida e as coisas que a constituíam. Lembrou das primas, tão bonitas, metidas, e felizes por serem rica e assinar um sobrenome difícil de pronunciar. Tantas lembranças a faziam chorar.
Olhou para a lua e prestou atenção no barulho do mar, como ela queria que se fudesse aquela porra de sociedade, como ela queria sair pela porta da frente daquela vida fútil e sem alegrias, como ela queria pegar o primeiro ônibus para a terra dos contos de fada. E foi quase isso que Clarisse fez.
Correu para casa de novo, entrou sem fazer barulhos, sem despertar o pai ou os empregados. Agarrou sua mochila Kipling e a encheu de roupas, uma sandália, o iPod e o celular, calçou o seu All Star e uma blusa de frio para se confortar. Colocou na carteira da Hello Kitty dez mil reais, que tirou do cofre por trás do retrato do bisavô na parede, em cima do piano de cauda da sala de estar. Resolveu fugir.
No ônibus ela correu e sentou no ultimo banco, do lado de um senhor negro de cabelos encaracolados e barbas por fazer.
- Oi.- ela lhe disse, com o sorriso que herdou da mãe.
- Oi.- ele respondeu sorrindo de volta.
- Moço, o senhor me ajuda?-
- Com o que menina?-
- É que sem querer me separei do meu pai e ele acabou viajando no ônibus que saiu antes desse, quando o rapaz vier recolher as passagens diz que é meu avô?-
- Digo sim. – ele sorriu. Foi isso que fizeram, e foi nisso que o rapaz acreditou. Do Rio a Sampa ela calculou umas cinco horas de viagem, mas ela chegou no seu destino as onze horas da manhã. Cansada e sem saber para onde ir, parou em uma praça e resolveu descansar.Depois de um tempo, a despertaram.
- Mariana e Marcella
P.S - Comentem e em breve publicaremos a parte 2.